quarta-feira, 6 de julho de 2011

gretas

g r e t a s. salpicos de sangue
alma derramada em mãos mergulhadas 
na secura gasta do tempo que não passou,
das memórias e da dor, que o vento não levou.
g r e t a s. lábios rasgados
das palavras abertas e dos sorrisos forçados, 
que se alimentam do frio e da gota que não cai,
da saliva que seca e da frase que não sai.
g r e t a s. pele escamada em escadas de escama; 
lençóis embrulhados e almofadas na cama, 
desfeitas pela chuva, nos cantos da boca.
pele livre e morta: solta.
g r e t a s. fio de carne viva, por mim feita: 
unha partida no polegar da mão direita. 
a camada de verniz negro fez um sulco ao puxá-la.
então, desvio o olhar para o papel e escrevo na sala, sobre as
g r e t a s  da minha pele, que cobrem o meu inferno
que me cortam e gelam, com as lâminas deste inverno.

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