alma derramada em mãos mergulhadas
na secura gasta do tempo que não passou,
das memórias e da dor, que o vento não levou.
g r e t a s. lábios rasgados
das palavras abertas e dos sorrisos forçados,
que se alimentam do frio e da gota que não cai,
da saliva que seca e da frase que não sai.
g r e t a s. pele escamada em escadas de escama;
lençóis embrulhados e almofadas na cama,
desfeitas pela chuva, nos cantos da boca.
pele livre e morta: solta.
g r e t a s. fio de carne viva, por mim feita:
unha partida no polegar da mão direita.
a camada de verniz negro fez um sulco ao puxá-la.
então, desvio o olhar para o papel e escrevo na sala, sobre as
g r e t a s da minha pele, que cobrem o meu inferno
que me cortam e gelam, com as lâminas deste inverno.
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