sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

imagine...

imagine I'm a piece of wood in your fireplace. choose one and I'll be that one. I know this is just hypothethically, but, sometimes, I really wanted to be wood and just... burn... feel the fire, and nothing more. me turning into smoke, into dust.watch me. watch me disappear... forever... turning into nothing. so, take me and put me into the fire, with a simple and unregardful act and watch me... watch me burn... 

and even being me who is on fire, 
you are the one who is feeling the pain. 

sábado, 8 de outubro de 2011

paper cut

I'm dreaming. I'm just dreaming, right now...
And I know that I'm dreaming, but I'm not quite sure. Weird... 

Where am I? Far away from home?
I'm seeing a girl. So pretty, but... Why is she here? So lonely... It could be me.
Now, I'm wondering why is she crying. Blood tears, running through her flawless skin.
I'm scared... I don't wanna dream anymore. I want my eyes open. NOW!
...I woke up. I saw the letter you left me. Disturbing.
Then I put my pretty pink slippers on my feet and I went to my bathroom.
A broken mirror... My dark circules... And blood drops on my washbasin. 
Oops! Paper cut.

domingo, 31 de julho de 2011

noites em branco


Levantei-me. O corpo estava pesado e cansado, e, lá fora, escuro e frio. Olhei pela janela à espera de encontrar vestígios de respostas para apagarem o que não me deixava adormecer. As horas que dormira, apesar de terem parecido infinitas, ainda não tinham sido suficientes para o sol romper pelas gretas da janela do quarto e vir um novo dia, mais uma vez. Na solidão daquele espaço, acompanhavam-me os fantasmas do predicado do meu pesadelo, que faziam de ti o sujeito subentendido na nossa história. Agora era tarde de mais. Para ti, para nós e para o tempo que não passou. (…) Os ruídos mentais deste assombro foram depois engolidos pela última badalada do relógio da igreja da minha rua. Agora, percebi que os fantasmas do passado se haviam dissipado. De seguida, veio o silêncio. Por fim, vi que estava só. 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

cartas à chuva


Sozinha, ao fundo da sala, sentada à mesa de um restaurante qualquer, olho para a jarra de água com a flor de pétalas vermelhas, da mesma cor que o batom que tinha nos lábios. 
Ao recordar memórias gastas, deito a última lágrima da noite, como o último pedaço da minha sobremesa e dou o meu último soluço, enquanto limpo a boca, no guardanapo de papel.
Estou farta que me mintas!; farta que me trates como se fosse Rainha do Mundo!; farta que me exijas a Perfeição da Natureza e eu só te consiga dar uma pétala morta do chão.
Dá-me água, dá-me luz! Não a saliva das tuas mentiras, nem o teu sorriso artificial. Por tua causa, sequei e já nem tenho mais lágrimas para chorar. Desiludiste-me, mas… Sinceramente? Já estava à espera.
Pára de mentir! Para quê promessas de pétalas, tão leves e frágeis? que, quando se despegam da flor, voam para o regresso do nunca mais... Tal como a chuva, que começa no topo quando cai sobre as pétalas. Tu estavas lá em cima, também. Mas isso era dantes. Depois, as gotas vão caindo, escorrendo pelo caule, até ficarem por debaixo do chão. Sim, é aí que estás agora.

Antes eras a água que me alimentava e eu o ar que respiravas.
Agora, sou só um guardanapo usado e tu, uma marca de batom.

domingo, 10 de julho de 2011

copo sujo

atira esse prato de cristal branco sujo. parte-o em pedaços contra o chão, sem dó, utilizando a raiva que te percorre neste momento. não atires o copo!, senão abres a porta de vidro às almas condenadas. e não é justo.
olha para o reflexo embaciado nos pedaços do teu ser: os pedaços  es ti lha ça dos  do prato que partiste. e enquanto tentas incorporar esses teus fragmentos de alma fria na carne morna da raiva do teu corpo, em traços de sangue e linhas de cristal, desvia  len t a  m e nte  o olhar do pulso ferido e revê o copo que não partiste: as almas condensadas naquele objecto tão frágil... as almas que aprisionaste durante toda a tua vida. não tens medo, desse copo sujo?                                                                        
                                                                                                                                agora pára.
      o tempo de gritar já passou.

sábado, 9 de julho de 2011

escuro

acende uma vela com a resina do teu respirar. 
fala baixinho como se um bebé tivesse adormecido, sozinho, no escuro.
saca do isqueiro e GRITA com os teus instintos. 
acende, agora, os teus cabelos e faz a tua mente brilhar.
fios de fogo, fios de luz, e... não, não tenho medo. já não está escuro.
                       pois        a              lua
                                                                         descaiu          dois
                                                                                                                   centímetros
e já não consegue voltar ao lugar, porque a força da gravidade dos teus desejos é suja, como as palavras que dizes sem pensar.
e depois o vento  s o  p  r  a ,  revoltado com não-sei-quê, como uma inspiração sem lógica que não nos deixa adormecer... (não é que não goste do vento. só não gosto das suas encenações de fuga que depois enquadra em pretextos de cansaço geográfico. não gosto de mentiras.)
despe a tua capa de luz e queima a tua máscara de cera, que eu vou adormecer o pequenino que crava as unhas na minha pele para adormecer. não me importo.
fecha os olhos e adormece... tu que ainda não conheces o mundo, não tens razão para chorar. não, não chores desse sal que te corrói. eu canto-te a canção de embalar que a minha mãe me cantava antes de adormecer. (às vezes ainda a ouço, baixinho, no fim do corredor escuro, quando me levanto, a meio da noite, depois de ela me dar um beijo de boas-noites antes de se despedir de mim para sempre.)
agora, tira o elástico azul-petróleo do pulso cortado e ata o cabelo. não gosto de o ver solto e perdido, a voar... foi assim que a minha mãe morreu: 

suicídio. 
nono andar.

clichés familiares

Piadas secas, típicas de um jantar em família.
(...)
Eles riem 
e eu choro, por dentro. 
Eles falam
 e eu grito, em silêncio. 
Eles comem 
e eu devoro o meu interior. 

- Já não sou nada. Não tenho alma nem ser. Sou fumo do cigarro já morto que desfizeste no teu cinzeiro de vidro. O fumo já se desvaneceu no ar... E agora, de mim, já só restam cinzas.

Levanto-me da mesa, vou a correr para o quarto 
e bato a porta com força.